Mecanismos de defesa na psicanálise: o que são?

Os mecanismos de defesa na psicanálise são representados por alguns tipos de comportamento utilizados pelo indivíduo para se proteger de situações nas quais não se sente confortável. Afinal, sair da zona de conforto não é uma tarefa fácil e, muitas vezes, exige esforço e dedicação.

Em situações de desconforto como falar em público, conhecer novas pessoas e até mesmo testar uma atividade nova, esses mecanismos podem ser ativados. Para que você entenda melhor, os mecanismos de defesa são processos realizados pelo ego e são inconscientes (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 2008).

Os mecanismos de defesa foram desenvolvidos por Freud e, posteriormente, aperfeiçoados por sua filha, Anna. Existem, basicamente, 6 manifestações de comportamento e pensamentos defensivos, conforme exemplificado a seguir:

  • Sublimação;
  • Negação;
  • Regressão;
  • Projeção;
  • Introjeção e;
  • Repressão.

Existem ainda as defesas patológicas que se caracterizam como um mecanismo de defesa não eficaz. O que irá determinar se os conflitos serão ou não patológicos é a forma de manipulação desses mecanismos. Tais defesas são conhecidas como formação reativa, anulação ou reparação, isolamento e racionalização. Bock, Furtado e Teixeira (2008) ressaltam ainda que, para Freud, a defesa é a operação que o ego utiliza para excluir da consciência os conteúdos indesejados.

O que são os mecanismos de defesa?

Muito se engana quem acredita que apenas os pacientes com algum diagnóstico definido desenvolvem esses tipos de comportamentos. A verdade é que os mecanismos de defesa estão presentes também em sujeitos ditos saudáveis. No entanto, quando há excesso de comportamento defensivo, isso pode indicar sintomas neuróticos. Da mesma forma, em alguns casos mais extremos, pode significar ainda a existência de sintomas psicóticos (VOLPI, 2008).

Diante disso, o autor ressalta que os mecanismos de defesa têm o objetivo principal de reduzir qualquer manifestação que possa colocar em perigo a integridade do Ego. A formação reativa procura afastar o desejo que segue em determinada direção, e, para que isso aconteça, o sujeito procura adotar uma atitude oposta a esse desejo (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 2008).

Ou seja, aquilo que o sujeito demonstra como atitude é um modo de esconder de si mesmo suas verdadeiras motivações e desejos. Isso preserva o sujeito de uma descoberta dolorosa acerca de si. Como ressalta ainda Volpi (2008), esse mecanismo é uma inversão clara, porém, normalmente inconsciente do verdadeiro desejo.

Quais são os tipos de mecanismos de defesa?

A anulação ou reparação, segundo apresenta Volpi (2008), são as ações que o sujeito tem que contestam ou desfazem um dano que esse sujeito acredita ter causado em razão de seu desejo. O sujeito utiliza, portanto, um pensamento ou um comportamento com significação oposta do ato ou pensamento precedente.

Nesse caso há uma compulsão do tipo “mágico”, algo que é muito característico no neurótico obsessivo.

O isolamento por sua vez é uma técnica também utilizada pelo neurótico obsessivo e, consiste em isolar um comportamento ou um pensamento com o propósito de se distanciar (VOLPI, 2008). Já a racionalização é um processo no qual o sujeito se busca encontrar motivos lógicos e racionais para justificar ações e pensamentos considerados inaceitáveis.

Partindo para os mecanismos de defesa propriamente ditos, os não considerados patológicos, como os citados acima, temos a sublimação. Esse mecanismo é considerado o mais eficaz e é característico do indivíduo normal. Quando não há possibilidade de se realizar um desejo, esses desejos são canalizados pelo Ego que, por sua vez, encontra um substituto aceitável para esse desejo. Dessa forma, pode-se considerar satisfeito em atividades similares e que são socialmente aceitas e produtivas.

Já a negação é o processo em que o sujeito, mesmo após a formulação dos desejos, pensamentos ou sentimentos até então recalcados, se nega a aceitar que lhe pertença. É, portanto, a tentativa de não aceitar na consciência algum fato que, de alguma maneira, perturba o Ego (VOLPI, 2008). A regressão ocorre quando o Ego recua, foge de situações conflituosas para ele no estado atual e, volta para um estágio anterior.

A projeção, introjeção e repressão como mecanismos de defesa

Dando continuidade aos diferentes mecanismos de defesa na psicanálise, temos a projeção como um tipo de defesa primitiva. Ela se caracteriza, como ressaltam Bock, Furtado e Teixeira (2008), como uma junção de distorções do mundo externo e interno.

O sujeito projeta no externo algo de si mesmo, porém não percebe esse movimento. Essa localização no outro, no externo é a operação pela qual o sujeito tira de sobre si algo que ele recusa ou não reconhece, seja um desejo, uma qualidade, sentimentos.

Enquanto isso, a introjeção está intimamente ligada à identificação. Sendo assim, esse mecanismo diz respeito à uma incorporação que o sujeito faz do objeto externo, sendo considerada como o oposto da projeção (VOLPI, 2008).

Por fim, temos também a repressão. Esse mecanismo é a operação psíquica que impede que impulsos considerados ameaçadores, sentimentos, desejos, pensamentos dolorosos, ou qualquer conteúdo desagradável cheguem à consciência. A repressão também é conhecida como o recalque.

Como pontua Volpi (2008), apesar de ser um material reprimido, continua fazendo parte da psique do sujeito, mesmo estando no inconsciente. Sendo assim, tal material pode aparecer em forma de sintomas. Ainda sobre esse processo Bock, Furtado e Teixeira (2008) lembram que esse aspecto não é percebido pelo indivíduo, mas essa parte da realidade que foi suprimida altera e deforma o sentido do todo.

As autoras trazem ainda que esse mecanismo é o mais radical de todos os mecanismos de defesa, pois ele suprimiu a percepção do que está acontecendo. Os demais mecanismos estariam mais ligados a deformações da realidade.

O papel da psicanálise

Diante do exposto aqui, é possível notar quão amplo e complexo são os mecanismos de defesa. So mesmo tempo, conforme o próprio nome sugere, eles permitem também a defesa da psique do sujeito. Porém, como no caso da repressão, tal defesa pode trazer sofrimento para o sujeito, além das defesas patológicas, que podem ser prejudiciais para essa pessoa.

O que demonstra que embora funcionem como defesa, nem sempre, ou talvez nunca, permitirão que o sujeito fique realmente livre do sofrimento.

Dessa forma, cabe à psicanálise identificar os sintomas de comportamentos defensivos no sujeito para que se possa avaliar o melhor curso de tratamento. É preciso ainda atentar-se para as manifestações dos mecanismos de defesa para que se possa identificar a existência de sintomas neuróticos ou psicóticos.

Por último, o incentivo ou desencorajamento desses mecanismos depende de como eles podem ser benéficos para o sujeito. Caso se manifestem de uma forma que apenas protege o consciente de descobertas muito dolorosas, é importante que se aprenda a conviver com o comportamento.

Porém, no caso de incapacitação do autoconhecimento ou até mesmo impeditivos para a realização de atividades do cotidiano, cabe à psicologia encontrar as melhores ferramentas para a convivência com os mecanismos de defesa.

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Por: Jeane Muzeka

Referências Bibliográficas

VOLPI, José Henrique. Mecanismos de Defesa. Artigo do curso de especialização em Psicologia corporal: Curitiba, Centro Reichiano, 2008.

BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria De Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo. Editora Saraiva, 2008.

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